"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
Este foi um fim de semana emblemático para o meu sentir: fotos para o convite da formatura do meu curso de Direito e congresso da UJS Pernambuco na data que marca os 10 anos de morte de João Amazonas, principal dirigente comunista brasileiro da terceira geração.
No plano pessoal traço poucos propósitos "nada de coisas impossíveis para que a vida possa ser bem vivida", e por tal postura encaro quase que diariamente o temor de meus pais de que eu acabe por "não ser alguém na vida". E é inevitável no último ano de curso, me pegar frequentemente me questionando o que será daqui pra frente, engolida por aquela incerteza dos horizontes que se vislumbra, mas nao se pode tocar (não ainda).
Durante o grupo de discussão sobre a Guerrilha do Araguaia que teve em João Amazonas um de seus emblemáticos heróis, recebo mensagem de texto de uma grande amiga e recém filiada " Me encontrei. UJS, esse é o meu lugar". O sms foi escrito enquanto ela ouvia o relato de Alanir Cardoso, presidente do PCdoB-PE, sobre a sua trajetória de lutas e dias amargos de clandestinidade e tortura. Durante as suas sete décadas de militância política, João Amazonas carregou sobre os seus ombros os sonhos do mundo. Estes mesmos sonhos deram forças à Alanir para aguentar 72 dias ininterruptos de tortura.
Tabacaria foi escrito em 1928, e agora no ano de 2012, preparando um projeto de mestrado que tem como centro A Guerrilha do Araguaia e vendo nos olhos a emoção de quem ouviu as palavras de Alanir Cardoso, eu descubro finalmente, o que significa ter em si "todos os sonhos do mundo". E vejo neles a beleza e poesia que faltavam às janelas de Fernando Pessoa.