sexta-feira, 15 de março de 2013

Por hora



Deitada na cama estranho a paisagem da janela. No corredor, estranho os sons da vizinhança que desconheço. Na calma corriqueira de minhas leituras noturnas estranho a solidão de tudo isso.

No novo apartamento figuras coloridas deixadas com capricho estudado pintam o tom de aconchego, e me pergunto se amanhã, na outra semana, no mês que vem, eu olharei a mesa já bagunçada da sala ao lado e reconhecerei ali um tantinho de conforto dos dias pesados . Por hora, penso no afilhado que vai longe com seu riso fácil e minha saudade a doer nos ossos. Por hora, penso e repenso as minhas escolhas e os caminhos que me trouxeram até aqui. Por hora penso em você e no abandono consciente de meus anseios. Penso em mim e não me encontro entre as tantas camadas de ilusão incrustadas no meu eu.