quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Quando Você me Quiser Rever



Eu li um livro. Li um livro que me lembrou você da primeira aspa ao último ponto final. E não tinha nada a ver com você, muito menos com o que houve de nós dois. Mas o maldito livro era você, e era eu, e éramos nós - do ponto de partida à pausa final. Terminei o livro com aquele ar bobo de me ter encantado e com a ideia fixa de que só você seria capaz de partilhar a plenitude daquele gesto delicado.

Você aprovaria a sobriedade da capa, a escolha das páginas forçadamente envelhecidas, o mosaico de palavras soltas tão simples que atordoam o português rebuscado. Você aprovaria a Cláudia, e a Marlene, e os cenários que as emolduram. Você aprovaria a melodia, e o ritmo. E eu fico aqui imaginando a sua reação de me ver chegar à porta carregando o livro como presente de Natal à você - sem ranço de história finda sem final feliz, sem mágoa do telefonema que você não me deu, sem lágrima, e também sem paixão, só com aquele velho sorriso de satisfação de saber que meu pensamento faz morada no teu, e então, olhos nos olhos eu quero ver o que você diz.

Não, eu não sinto falta de você. Sinto saudade da história que eu não escrevi. Durmo com o livro sobre o peito, sentindo o cheiro de história nova com gosto de cumplicidade tão antiga. Eu intelectualizei o nosso amor, e topo com ele nos floreios de cada frase bem escrita.


3 comentários:

  1. "Sinto saudade da história que eu não escrevi" adoro essas tuas frases de efeito, posso roubar de novo? Coloco até a citação: Paula, Iana. Hahahaha liiiindo!

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