A vida parece gostar de nos pregar peças nos momentos mais inapropriados.
Às vezes em meio à agitação do meu dia a dia e das dezenas de pessoas que acabo
por encontrar por aí, uma sensação de vazio se instala. Nessas horas é sempre arriscado
me dirigir aquele cordial “Como vai você?”. É que normalmente o interlocutor não espera
que a resposta venha em meio a um olhar perdido, na forma de um desconcertante “
para além disso, ando me sentindo só.” É que ultimamente esse exercício diário
de achar o tom, me cansa a alma.
Engraçado... entendi diferente de todas as vezes que ja tinha lido esse poema da Meirelles. "Para além disso ando me sentindo só", e "Só, na treva, fico: recebida e dada". Mas lembre que "a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada." Alguém, certo dia, me disse isso ;)
ResponderExcluirREINVENÇÃO
A vida só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... - mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.