sábado, 29 de outubro de 2016

Banzo

Banzo era a palavra usada pelos escravos trazidos ao Brasil pra designar o sentimento de saudade de sua terra natal.

Banzo é nostalgia profunda, dessas que sufocam e emudecem.

Banzo é uma saudade que apequena o mundo e o reduz a um único lugar.

Tem dias que eu acordo com saudade, mas hoje a saudade é que me acordou. Tive sonhos difíceis em que te deixar era a única constante, e acho que de tanto te perder na madrugada acordei querendo me agarrar a cada vestígio de você pra ter certeza que fora só um sonho. De olhos fechados apalpei o espaço vazio no colchão e a falta de você fez a cama parecer grande demais pra o meu corpo pequeno - grande feito tempestade de verão, grande feito algaroba na caatinga. 

Ocupei metade do meu dia procurando passagens aéreas de todos os pontos imagináveis até você e amaldiçoando a enormidade desse país. A outra metade eu desperdicei tentando nomear essa saudade que é grande demais pra caber em sete letras, grande feito o nome de Pedro I e a distância entre nós.

Tenho banzo - precisão de estar com você. 
Tenho banzo - essa saudade sufocante sem hora pra cessar.
Banzo - esse silenciamento de alma de não se pertencer.
Banzo - como um Atlântico a nos dividir.

Hoje pela manhã quis criar raiz no teu sorriso pra mesmo fora do teu abraço ter algo forte, profundo ( e por que não belo?) feito banzo pra me agarrar.


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